As Melhores Coisas do Mundo

Posted by Giulio 'Bonas' Bonanno | Posted in , , | Posted on 10:52

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Nunca o cinema brasileiro comercial nos trouxe tantos filmes bons como atualmente. Desde a sua retomada, iniciada em 1994 com “Carlota Joaquina”, o nível das produções nacionais foi crescendo drasticamente e hoje temos bagagem o suficiente para dizer que as grandes produções brasileiras não ficam devendo em nada para os vazios blockbusters hollywoodianos.

“As Melhores Coisas do Mundo” é um longa-metragem brasileiro que entrou em cartaz este ano e fez um sucesso satisfatório. Bastante divulgado pela televisão e com o nome do “ex-ator de Malhação” Fiuk estampado no elenco, as pretensões comerciais da Warner quanto à este filme não eram pequenas. O que me deixava curioso era saber o que fazia de “As Melhores Coisas do Mundo” especial como um filme, e não como um produto.

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Mano (Francisco Miguez) é um adolescente de 15 anos que vive com seu irmão, Pedro (Fiuk), e sua mãe (Denise Fraga). Sua vida não é nada diferente da maioria dos adolescentes de hoje em dia: cheia de paradoxos. Ao mesmo tempo em que passa por momentos incríveis, ele também precisa encarar situações desconfortantes e que exigem maturidade do rapaz. Entre elas, a separação do pai (Zé Carlos Machado) e o ambiente escolar. O filme consegue muitos pontos por retratar com uma fidelidade impressionante o mundo adolescente. E ninguem melhor pra dizer isso do que um próprio, que vê muita coisa que aparece na tela acontecer de verdade com amigos e conhecidos, e até comigo mesmo.

O filme tem seus erros. A direção de Laís Bodansky em certos momentos é insegura, com cortes e movimentações de câmera desnecessários na tentativa de reforçar as emoções dos atores. E também não se esforça em contar mais sobre os estereótipos representados, como a sapatona do colégio ou a blogueira fofoqueira. Sem o devido aprofundamento nesses personagens, o longa fica com uma vibe artificial e incômoda.

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Em termos de atuação, posso dizer que o trabalho foi bem feito. Alguns atores soaram pouco naturais, como os amigos de Mano (e o excesso de gírias, querendo mostrar mesmo que eles são adolescentes), mas o elenco principal se saiu muito bem em todas as cenas. Francisco Miguez é uma revelação muito bem vinda, e executa um difícil papel com bastante sinceridade. Fiuk mostrou que não é só o “filho do Fábio Jr.” e, ao menos para mim, ganhou meu respeito. Nas cenas dramáticas em que Pedro passa, com narrações em off do mesmo, o ator consegue transpor os sentimentos de seu personagem de forma convincente.

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Muitos personagens interessantes nos são apresentados. O que mais me chamou atenção foi o professor de violão de Mano, bem interpretado por Paulo Vilhena (com um visual bem diferente também). A relação do personagem principal com ele é quase a de um irmão, fazendo as vezes de psicólogo também. Os diálogos entre os dois são cenas interessantes e deixam o filme com um tom mais sério. E nunca pensei que “Something”, dos Beatles, se encaixaria tão bem em um filme brasileiro!

É um filme que recomendo principalmente para os meus colegas, amigos e conhecidos que fazem parte desse mesmo mundo. A retratação é fiel e os erros não comprometem. Mais uma vez, temos uma produção nacional entre os grandes filmes do ano. Não deixe de conferir.

Comments (3)

Gostei Giulio.
Resenha bacana.
Abraços,
Prof.Luiz Cláudio

Ótima resenha.
Eu adorei esse filme. Vale a pena ser visto.
Eu tbm me surpreendi com o Fiuk.

Esse filme é muito bom!
Lembrei dos meus 15 anos vendo os dramas e aventuras de Mano!
Recomendado!

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